Estudo preliminar do SISCOLO-Qualidade na rede de saúde pública de São Paulo / SISCOLO-quality control system in the health public laboratories: preliminary study

Analisar criticamente os primeiros resultados do Sistema de Informação Laboratorial do Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo Uterino (SISCOLO-Qualidade). Foram utilizados esfregaços cervicovaginais corados pelo método de Papanicolaou, provenientes da rotina diagnóstica do Laboratório de Anatomia Patológica da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP) e referentes a março de 2000. Esses casos foram reavaliados em estudo cego pela equipe do Setor de Citologia Oncótica da Divisão de Patologia do Instituto Adolfo Lutz/São Paulo. O Programa SISCOLO-Qualidade seleciona, entre os casos analisados no período, todas as citologias positivas (ASCUS, AGUS, NIC e carcinomas) e, para completar 10 por cento do total das lâminas, todos os casos insatisfatórios e negativos aleatoriamente. Dos 8.370 casos da rotina da FOSP, o SISCOLO-Qualidade selecionou 837 amostras. Entre as amostras selecionadas, 23,4 por cento apresentaram material representativo da junção escamocolunar, 5 por cento foram considerados material insatisfatório e 71,1 por cento, material satisfatório, mas limitado. O resultado da análise foi 86,62 por cento de concordância, 12,42 por cento de discordância de um grau e 0,96 por cento de discordância de mais de um grau. Concluímos que o Programa SISCOLO-Qualidade é aplicável na rede de saúde pública para monitoramento externo, atendendo às expectativas de qualidade exigidas pelo Ministério da Saúde.

Influência da qualidade do esfregaço cérvico-vaginal na detecção de lesões intra-epiteliais cervicais / Influence of cervicovaginal smear quality in the detection of cervical intraepithelial lesions

A qualidade do esfregaço é fundamental em citologia para prevenção do câncer do colo uterino. Com a introdução do Sistema SISCOLO-Qualidade pelo Ministério da Saúde (1999) para diagnóstico em citologia cérvico-vaginal na Rede Pública, tem sido possível correlacionar diagnóstico e qualidade da amostra. No presente trabalho, foram revisados os laudos citológicos de duas Unidades de Saúde (U1 e U2) atendidas pelo Setor de Citologia Oncótica do Instituto Adolfo Lutz Central, um dos pioneiros em adotar este sistema. Foram analisados 4188 casos da U1 e 6250 casos da U2, e comparados os números de casos positivos em grupos de amostras com diferente qualidade: satisfatórias (S) e satisfatórias, porém limitadas por ausência de células da JEC (SL/JEC), dessecamento (SLD), fundo purulento (SLP) ou por outras causas (SLO). Foram considerados positivos os casos com diagnóstico de atipias de significado indeterminado, NIC graus 1 a 3 e carcinoma. A análise estatística mostrou que, nas duas unidades, a porcentagem de casos positivos foi significativamente maior no grupo de amostras S (3,28 por cento e 5,25 por cento respectivamente na U1 e U2) do que nas limitadas por ausência de células da JEC, dessecamento e outras causas. Os grupos de exames que detectaram menos casos positivos foram SL/JEC (0,08 por cento e 0,25 por cento), seguidos por SLO (0,61 por cento e 0,34 por cento) e SLD (0,78 por cento e 0,94 por cento). Nos grupos SLP, embora as porcentagens tenham sido menores, (1,16 por cento e 2,80 por cento) não houve diferença significativa com relação ao Grupo S. Os presentes resultados confirmam a necessidade de amostragem adequada em citologia cérvico-vaginal, especialmente a representatividade de células da JEC.